O PS perdeu as eleições europeias, mas não foi o PSD o único vencedor. Há que reconhecer o bom trabalho de Paulo Rangel, cujo esforço já vinha sendo visível enquanto líder da bancada parlamentar social-democrata e o mérito de Manuela Ferreira Leite, que o escolheu. Mas da derrota dos socialistas, saíram muitas vitórias: a do CDS/PP, que se aguentou apesar das previsões catastróficas, a do Bloco, que conquistou o lugar de terceira força política, a da esquerda, que ultrapassou os 20% e a de todos quantos quiseram mostrar a Sócrates que não estão satisfeitos com a sua governação.
O PS tombou. É indisfarçável, mas isso está longe de significar que Manuela Ferreira Leite, ou qualquer outro líder que o PSD venha a ter, vencerá as eleições legislativas marcadas para o Outono e que, por isso, será o futuro primeiro-ministro de Portugal. Por muito protesto que os eleitores tenham despejado no boletim de voto, no passado domingo, a verdade é que não foi para isso, para escolher um chefe de governo, que foram chamados às urnas. Se no domingo, as eleições não fossem europeias e antes se tivesse pedido às pessoas para escolherem entre Sócrates e Manuela Ferreira Leite, o resultado seria seguramente muito diferente. Aliás, as sondagens para as legislativas, com toda a sua falibilidade, continuam a dar a vitória aos socialistas, ainda que com uma maioria relativa. É verdade que muita coisa pode acontecer até Outubro, que os resultados destas europeias abriram uma janela de oportunidade ao PSD e que as vitórias geram dinâmicas imprevisíveis, mas hoje ainda é inverosímil pensar que Manuela Ferreira Leite conseguirá derrotar Sócrates.
A verdade é que, se o actual primeiro-ministro tem que tirar lições dolorosas dos resultados destas eleições e trabalhar muito para tentar convencer os que votam que ainda merece continuar a governar, também Manuela Ferreira Leite tem várias tarefa pela frente, a primeira das quais especialmente árdua: mostrar a todos que acredita mesmo, mais, que quer ser primeiro-ministro de Portugal.