Injustos e exagerados. Também são assim os mercados financeiros. E reactivos, nervosos e absoltamente indiferentes a queixumes e declarações de inocência. São por isso inúteis as palavras de quem se sente vítima. Dificilmente conseguem repor o rigor.
Teixeira dos Santos até pode ter razão quando diz que, depois da Grécia, Portugal passou a ser a nova "presa" dos investidores. Pedro Silva Pereira também estará certo quando diz que o espanhol Almunia foi infeliz e enganador, mas nada disto é escutado no frenesim dos mercados. Os investidores adoram vítimas.
E vivem de factos, da objectividade, e de feelings. Nos últimos dias, o governo português não só não deu um único dado concreto sobre uma melhoria do quadro macroeconómico nacional, como ainda por cima alimentou sensações e das más. Fragilidade, instabilidade e indefinição política foi o resultado de dias de confrontos entre o governo e a oposição. Ainda que fictícias, vivemos suspensos de demissões no governo.
Ontem ao início da noite, Teixeira dos Santos força uma pausa na confusão. Afasta a sua saída, pelo menos por enquanto, e lança um ultimato à oposição. Foram palavras, não um PEC, é verdade, mas não houve ali nada de vítima. Será que os mercados vão ouvir?
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